sexta-feira, 20 de setembro de 2013

UNIVERSIDADES INDIANAS

As Universidades indianas já habituaram o mundo à qualidade dos seus licenciados e são um passaporte para o mundo globalizado que funciona fora da Índia. A título de mera curiosidade, registei que em Jaipur a Universidade se localiza longe da cidade num campus cercado e com portão fechado que só se deve abrir pontualmente; nas outras cidades que visitei (com excepção de Agra onde não tratei de esclarecer a situação) as Universidades estão à mão de semear, ou seja, em estreito contacto com a sociedade envolvente. Creio que nada disto acontece por acaso e só fico sem saber se aquela Universidade se isola por motu proprio ou se é a sociedade que a rejeita. Quando a Universidade vive na cidade é porque dela faz parte com naturalidade mas, mesmo assim, todos sabemos que há Universidades que esmagam a sociedade envolvente (tradicionalmente, o caso de Coimbra) e outras que são verdadeiros motores do desenvolvimento (Évora e Aveiro). A Universidade de Goa não terá ainda o mais elevado prestígio dentro do ranking universitário indiano mas tem duas qualidades fundamentais: existe e não esmaga.
 
Tendo o quadro jurídico goês raízes portuguesas, é notável o trabalho que a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa vem desenvolvendo em parceria com a Universidade de Goa mas talvez fosse interessante lançar mais algumas pontes noutras áreas do conhecimento de modo a que o estreitamento das relações bilaterais permitisse maior arejamento de ideias em ambos os lados da cooperação. A Escola Médica de Goa tem tradições que fazem parte da História de Portugal mas estou certo de que novas áreas como as da Engenharia e da Economia poderiam ser motivo para a definição de um modelo de desenvolvimento que Goa tem que redefinir para confirmar a autonomia que tanto lhe custou obter depois de 1961. Se o não fizer corre o risco sempre presente de ser absorvida por um dos Estados vizinhos. Um Estado só existe se tiver particularidades que o distingam das zonas envolventes. Goa tem particularidades que não deveria enjeitar e que, pelo contrário, devia realçar e promover.
 
É claro que me refiro à língua e à religião mas assim como a língua dá sinais de não morrer, a religião nunca quis saber da língua para nada. Contudo, foi à custa da língua que a religião lá entrou …
 
Lisboa, Fevereiro de 2008
  Henrique Salles da Fonseca
(na Grande Mesquita de Delhi)
 


 



 

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