terça-feira, 10 de dezembro de 2013

RUI RIO EM LEIRIA

Rui Rio "Tenho liberdade para meter dedo na ferida, como deve ser posto"
O ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio (PSD) defendeu esta segunda-feira em Leiria o entendimento entre os partidos eleitos, sobretudo o PS e o PSD, para combater a crise política, salientando que, não sendo "candidato a nada", tem "liberdade para poder meter o dedo na ferida".
Política
Tenho liberdade para meter dedo na ferida, como deve ser posto                                   
Lusa
No início da sua intervenção, durante a conferência 'De Portugal para o Mundo', organizada pela Liga dos Amigos da Casa-Museu João Soares, em Leiria, Rui Rio referiu que não é candidato "a nada".
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"Não tenho de ter grandes preocupações em ter muito cuidado com as palavras. Não sou candidato a nada. Tenho uma liberdade para poder meter o dedo na ferida, como acho que deve ser posto", declarou.
Ao chegar a Leiria, Rui Rio tinha referido que não irá fazer oposição à liderança do PSD de Pedro Passos Coelho e salientou que a sua intenção, até ao final do ano, é definir "em definitivo" a sua vida profissional.
"Não tenho fortuna de família. Tenho de trabalhar e é isso que eu quero. A minha preocupação é essa", acrescentou.
Refira-se que o ex-presidente da Câmara do Porto havia admitido, em entrevista à TVI, que poderá avançar para a liderança do PSD, mas apenas no futuro e caso a "vontade dos outros" supere os seus planos atuais.
Por outro lado, assinalou Rio, "não vejo hipóteses nenhumas de sair desta crise política - e não económica - sem um entendimento entre os partidos do regime. Aqueles que são os filhos da democracia têm obrigação de cuidar do pai e da mãe. Não podemos pedir esta tarefa a um partido da maioria apenas, mas a todos os que foram eleitos, sobretudo ao PS e PSD".
Respondendo à pergunta "A crise portuguesa é económica ou politica?" a que foi desafiado a abordar, o ex-autarca afirmou tratar-se de uma crise política. "A crise económica é filha de erros e estrangulamentos políticos. Não nasce em si própria, mas da evolução da sociedade", observou.
Rui Rio referiu que "hoje temos menos democracia do que tínhamos num passado recente" e que, se o regime democrático "claudicar", haverá "não uma ditadura clássica, mas um enfraquecimento do poder político democraticamente eleito".
Questionado pelo público se o Presidente da República deveria intervir num entendimento de regime, Rui Rio considerou que vão realizar-se as eleições europeias, pelo que a intervenção, a ser feita, deverá acontecer no início da próxima legislatura.
"Cabe ao Presidente da República um entendimento, mas acho que também pode caber a um líder, do PS ou PSD. Se não for nenhum deles, pode ser o Presidente da República, mas é preciso que todos queiram", frisou.
Rui Rio disse ainda que os partidos políticos são "razoavelmente incoerentes e estão muito desacreditados".
"Temos um forte enfraquecimento e contínuo da qualidade dos agentes políticos. As pessoas que hoje estão disponíveis para a política, na sua maioria, não na totalidade, são de qualidade mais fraca do que há 20, 30 ou 40 anos."
Rui Rio considerou ainda o sistema de justiça "incapaz" e com um "sentimento de impunidade em crescente", criticando também as "reformas políticas, normalmente insuficientes e normalmente muito incompetentes".
Para Rui Rio, o problema da crise tem por base "um poder político fraco", o que torna a "governabilidade pior e mais fraca".
"O interesse público é pior defendido e os interesses corporativos individuais derrotam os interesses públicos", considerou, acrescentando que "vamos num caminho para o abismo" e que "é preciso prestigiar a política".
O ex-presidente da Câmara do Porto criticou a "politização da Justiça" e a "judicialização da política".
"O ministro da Saúde pode mandar encerrar o Hospital de S. João do Porto. Isso é uma decisão política. Faz sentido uma providência cautelar? Ser o tribunal a ir contra uma decisão do ministro? Não. Eu estou contra, mas o combate faz-se dentro da política", exemplificou.

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