sexta-feira, 21 de março de 2014

OPINIÂO



22 OUTUBRO 2012



OPINIÃO

António Bravo


Éum facto por demais sabido que as remunerações (oficiais) dos titulares de cargos públicos em Portugal, não confundir com administradores de empresas públicas, não são de forma alguma entusiasmantes. Veja-se, por exemplo o vencimento de Presidente da República que sendo o do topo da hierarquia é o mais elevado, cerca de € 10.000,00/mês e mesmo assim não excede comparativamente o de um qualquer administrador duma empresa de 2ª linha, com a vantagem para este último de que não tem a mediatização do primeiro nem está sob o desgastante escrutínio permanente da nação.


Contudo, verifica-se que candidatos aos cargos da República é coisa que não falta. Seja para ministro, secretário de estado, deputado, autarca, adjunto, assessor etc., etc. Sempre que as eleições e ou nomeações se aproximam é vê-los, quais formigas diligentes, a porem-se em bicos de pés, a moverem as suas influências, a tentarem cobrar favores e serviços anteriormente prestados para obterem o almejado lugar à manjedoura do Estado.
À primeira vista dir-se-ia que é demasiado afã para tão parco estipêndio.

Porém, a importância de tais lugares, para além do "penacho" que eventualmente possam dar, reside no facto de proporcionarem a posteriori interessantes e deveras bem remunerados cargos de consultores e administradores em bancos, empresas públicas e privadas e em importantes sociedades de prestação de serviços.

Durante a sua permanência no estado adquirem um rol de conhecimentos e de influências que muito úteis são ao "lobbying" que as empresas fazem para obterem o que pretendem, daí que sejam muito solicitados quando cessam funções oficiais.

A nossa vida pública está cheia destes exemplos. É um fenómeno transversal a todos os partidos políticos e muito em especial aos do arco da governação.
Assim, é vulgar que saiam de ministros ou de quaisquer outros cargos para presidentes de conselhos de administração e administradores de várias empresas simultaneamente, consultores de grandes grupos económicos ou ainda para integrarem os quadros dos principais escritórios de advogados.

Mas não se pense que este é um fenómeno recente e que surgiu após a restauração da democracia em 25 de Abril de 74. Já no tempo da "outra senhora", vulgo Estado Novo, isto era prática corrente.
Vem desse tempo o ditado: Ser ministro é a pasta que dá acesso à "posta".
António Bravo escreve de acordo com a antiga ortografia

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