quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

BEIJA MÃO

Beija-mão às gradesJosé Sócrates, preso em Évora, inaugurou uma nova prática: a de concederaudiências na cadeia. As peregrinações de inúmeras figuras públicas àpenitenciária de Évora, sob a capa aparente de visitas de apoio esolidariedade, mais não parecem do que exercícios de vassalagem.
Ao longo de anos e enquanto governante Sócrates garantiu ganhos milionáriosa alguns dos maiores grupos económicos, em particular na Finança e nas ObrasPúblicas. Todos aqueles que Sócrates beneficiou estarão agora a ir à cadeiabeijar-lhe a mão. Será uma questão de gratidão. Por lá passaram econtinuarão a passar os concessionários das parcerias público-privadas(PPP), a quem Sócrates garantiu rendas obscenas em negócios sem risco.Assim, não será de estranhar que o todo-poderoso Jorge Coelho, presidentedurante anos do maior concessionário de PPP rodoviárias, o grupo Mota-Engil– tenha rumado a Évora. Também lá esteve em romagem José Lello,administrador, durante os governos socialistas, da construtora DST, quemuito ganhou também com PPP.
Não deixa de ser curioso que cheguem apoiantes de todos os setores queSócrates tutelou. O líder do futebol português, Pinto da Costa, foi mais umdos que manifestou o seu apoio público. Afinal, Sócrates foi o ministro dodesporto que trouxe o Euro 2004 para Portugal. Um Euro que valeu muitosmilhões de euros aos clubes de futebol e seus dirigentes. Mais um gesto devassalagem.
Para ser visitado e apoiado, a Sócrates bastará enviar a convocatória. Todosaqueles cujos podres Sócrates conhece, os que usufruíram de benefíciosilegítimos pelas suas decisões – todos aparecem ao primeiro estalar dededos. Todos temem Sócrates, pois sabem que se ele resolver falar, desmoronao seu mundo de promiscuidades entre política e negócios.
Com estas convocatórias e manifestações de apoio, o ex-primeiro-ministropretende manipular a opinião pública, vitimizando-se; bem como condicionar aJustiça, através da sua manifestação de força e influência.
Mas o que não faz e deveria fazer é aproveitar o acesso direto aos mediapara explicar quais os bens de fortuna que lhe permitiram, sem rendimentoscompatíveis, manter, durante anos e depois de sair do poder, uma vida deostentação.
Paulo Morais in CM
 
 
 


 
 

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