segunda-feira, 30 de novembro de 2015

GRANDEZA E MISÉRIA DE NÓS TODOS

Grandeza e miséria de nós todos

No fim da II Guerra Mundial, Louis Aragon escreveu Servidão e Grandeza dos Franceses. Os franceses nos anos da ocupação nazi, quando foram e não foram. Claro, todos os povos mereceriam um livro assim, há sempre os que sim e os que não. Mas é Aragon que cito, por uma razão menor - foi o meu livro de bolso quando parti, em 1969, para o país que fiz também meu - e porque o assunto de hoje passa-se lá, em França. Ainda não fez um ano, foram assassinados desenhadores em Paris. Lembram-se, talvez, desculpem-me a dúvida mas estas coisas são tão volúveis, dos "Je Suis Charlie" que nos marejaram os olhos... No enterro de Tignous, um dos assassinados, o caixão de pinho claro foi garatujado por desenhos de colegas. Um rabiscou "Frágil", ironia fantástica; outro, um copo de tinto, blasfémia atirada à cara dos pobres coitados dos radicais islâmicos. Por falar de vinho (embora tinto, quando o melhor Sancerre é mais de brancos), na vila de Sancerre, no centro de França, todos os anos se faz um mercado de livros do Natal e trazem-se alguns autores. Este ano, para lá ir a 6 de dezembro, Chloé Verlhac, a viúva de Tignous, foi convidada para assinar livros do marido. Acontece que a polícia achou arriscado, o maire aconselhou adiar e muitos pais tremeram pelos filhos. Então, servidão ou grandeza? Como Aragon explicou, o "e" copulativo é mais certo do que o "ou" alternativo. Às vezes, somos "Je suis...", outras, já nos apetece menos...

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