quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

KILAMBA KIAXI

Kilamba Kiaxi.


A isto chama-se “bolha imobiliária”!
Milhares de casas (prédios), cuja construção somente serviu para encher os bolsos dos empreiteiros chineses, mas que não têm uso, já que a procura de gente com posses, é inferior à oferta !
Angola gasta os seus rendimentos petrolíferos deste modo, e esquece as necessidades básicas da sua população.
Claro que algumas “luvas” escorrerão para as contas dos decisores angolanos.

 
Notícias de Angola.

 
Cadê o povo libertado dos colonialistas ?
  












O Hospital Central de Luanda, construído por empresas chinesas, teve de ser evacuado dois anos (repete-se: dois anos) após a sua inauguração por risco de desmoronamento. As imagens acima apresentadas não são do Hospital Central de Luanda, mas são verdadeiras – apesar de se assemelharem a uma fantasia da Legolândia. Situado a cerca de trinta quilómetros a sudeste de Luanda, Kilamba Kiaxi é o rosto mais conhecido de um projecto de construção habitacional que prevê a edificação de 36 cidades-satélite em Angola. Erguido em menos de três anos pela China International Trust and Investment Corporation, Kilamba Kiaxi é composto por 750 arranha-céus. Custou 3,5 mil milhões de dólares. A comercialização dos apartamentos acabou por ir parar à Sonangol, que criou uma subsidiária para tratar da venda deste mega-empreendimento, a SONIP. A SONIP, por sua vez, subcontratou a venda do Kilamba à Delta Imobiliária, uma empresa privada que era propriedade de Manuel Vicente e do general Kopelipa, entre outros, a quem foi adjudicado o contrato de venda sem lançamento de concurso público. Os preços são inacessíveis para 95% dos angolanos, com as casas mais baratas a custarem 125 mil dólares. Os bancos privados não estavam interessados em disponibilizar crédito para a compra destas habitações. E, em meados de 2012, apenas 300 dos 3180 apartamentos do Kilamba haviam sido vendidos. Aproximando-se as eleições, o governo decidiu disponibilizar 43 apartamentos a cada ministério, dando ordens para que os mesmos fossem distribuídos entre os altos funcionários. Na campanha eleitoral, o MPLA mostrou imagens de famílias felizes a viver no Kilamba. Mas havia um problema: essas famílias não viviam lá, foram só ao Kilamba para tirar fotografias de propaganda. O Kilamba é hoje uma cidade-fantasma, ou perto disso.



        
         Este e outros desvarios são contados ao pormenor por Ricardo Soares de Oliveira, investigador da Universidade de Oxford. O livro acaba de sair ou está prestes a chegar às livrarias (notícias aqui ou aqui). Chama-se Magnífica e Miserável. Angola desde a guerra civil. Não, não é um panfleto incendiário nem uma diatribe contra a elite petrolífera de  Luanda. É o melhor livro que li sobre Angola: sério, rigoroso, informado, assente em fontes seguras e muito trabalho de campo. Tudo o que ali se diz é escrutinado e confirmado. Após a sua leitura, percebemos melhor o que é Angola nos nossos dias.

 



 

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