quarta-feira, 10 de agosto de 2016

DO CORREIO DA MANHÃ

CHEIRA MAL por Moita Flores no CM de 7 de Agosto
Os episódios da viagem dos secretários de Estado, de alguns deputados, e de mais gente que não se sabe, aos jogos do euro 2016 é, apenas, um afloramento da verdadeira imundície que habita o aparelho de Estado e para a qual assumimos de vez em quando um espasmo de indignação, mas que segue o seu trilho com a paz que habita no céu dos trafulhas.
Num país sério, esta gente estava toda demitida e a ser investigada criminalmente. Aqui, o governo diz que vai criar um código de conduta e ponto final. Assunto encerrado. Não admira. Este é o mesmo governo que pôs um amigo íntimo do dr. Costa a intervir nos grande negócios do Estado.
É claro que tudo isto tem uns gritinhos de protesto das oposições, mas sem grande convicção, porque a mixórdia é generalizada e cheira mal.
O bloco central de interesses é de tal modo promíscuo que apenas se afloram casos mais repugnantes, como o emprego de Portas, ou o de Barroso, e de outro que tais. Porém, se o Ministério Público e a PJ entrassem no mundo das viagens pagas por empresas privadas a dirigentes políticos, a administradores de empresas públicas, das trocas de favores subjacentes a esses prémios, da corrupção que grassa pelos corredores do poder, que não se tenha dúvidas da multidão de criaturas que marchava a caminho da demissão e da prisão.
Não é novidade. A produção da mediocridade instalada revela, de vez em quando, este tipo de dejectos. Este caso só trouxe uma novidade: para a esquerda portuguesa (seja lá isto o que for), há uma corrupção má e outra boa.
Fossem membros de um governo mais à direita, cairia o Carmo e a Trindade. Basta recordar a gritaria no caso do secretário de Estado da lista Vip da autoridade tributária. Desta, foram mansinhos. Compreensivos com censura leve. Ou apenas revelando o cinismo que se esconde por detrás da retórica vazia sobre os princípios morais.

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