segunda-feira, 22 de agosto de 2016

EXPRESSO DIÁRIO

Rui Tentúgal
POR Rui Tentúgal
Jornalista


 
Sobre pódios, direitos humanos, direitos divinos e Justiça Social
O Expresso Diário de hoje está repleto de histórias de pódios e de casos de direitos humanos. Às vezes até se cruzam.
Um gesto político feito num momento chave dos Jogos Olímpicos (ao cortar a meta ou ao subir ao pódio) tem sempre impacto global. O mais famoso de todos ocorreu em 1968, quando os americanos Tommie Smith e John Carlos, no pódio, calçaram luvas pretas e ergueram os punhos em solidariedade com o Black Freedom Movement, um grupo de defesa dos direitos civis nos EUA. Quarenta e oito anos depois, o mundo discute o gesto do etíope Feyisa Lelisa, que levantou os braços cruzados em X ao cortar a meta em segundo lugar na maratona masculina no Rio de Janeiro, no domingo. Na conferência de imprensa que se seguiu, o atleta explicou que o gesto invoca as centenas de pessoas da etnia Oromo, a sua tribo, que têm sido presas e assassinadas na Etiópia. Mariana Lima Cunha explica os contornos desta história e o iminente perigo de vida que corre o atleta e a sua família por causa deste protesto.
Passemos para o pódio da música. Lia Pereira faz o balanço de mais uma edição do Festival de Paredes de Coura. The Tallest Man on Earth emociou-se e saiu de palco de mão no peito e com aquele público no coração, mas, “na hora de distribuir medalhas, difícil será arredar LCD Soundsystem, King Gizzard and the Lizard Wizard e Thee Oh Sees do pódio”.
No campeonato do abuso dos direitos dos trabalhadores, Joana Madeira Pereira conta que há patrões a exigir a jovens “que usufruem dos contratos de estágio profissional promovido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) que lhes devolvam a comparticipação obrigatória da remuneração que, por lei, cabe à empresa – e que varia entre os 20% e os 35% do salário”. Um estagiário que ganhe 691 euros ilíquidos tem de devolver 400 euros.
Cristina Peres escreve sobre a selva de Calais, “esse país estranho entre dois outros que não querem reconhecer-lhe a existência” e cujo número de habitantes chegará em setembro aos 10 mil. “O campo está cada vez mais inseguro porque chegam muitas pessoas todos os dias. Tentam apalpar-nos, acenam com preservativos e perguntam-nos quanto queremos receber para fazermos sexo com eles”, conta uma voluntária. 95% do campo é seguro e do resto ninguém fala.
Não é um pódio, mas tem degraus que levam ao topo das finanças nacionais. O Governo está a estudar a criação de um Conselho Consultivo na Caixa Geral de Depósitos que tenha como membros personalidades do mundo das empresas que deem apoio à administração, contam Isabel Vicente e Pedro Santos Guerreiro. É o plano B ao chumbo do Banco Central Europeu a gestores que haviam sido convidados para serem administradores não executivos da Caixa e que não foram aceites.
A gestora terrena dos assuntos da Santíssima Trindade, que não a do Ouro, Prata e Bronze, queixa-se de cobranças nada piedosas de IMI. “O Ministério das Finanças garante ao Expresso que o Estado não está a violar a Concordata com as notificações a cobrar o Imposto Municipal sobre Imóveis que aumentaram nas últimas semanas e que incidem, em alguns casos, sobre património da Igreja, que nunca pagou até hoje este imposto”, explica Helena Pereira.
Vicente Moura, ex-presidente do Comité Olímpico Português, atribui o desaire nacional nos Jogos do Rio à falta de uma política desportiva de base no país, temendo que em Tóquio, daqui a quatro anos, seja “mais do mesmo ou pior”. E critica os atletas que não assumem culpas na derrota e são pouco gratos na vitória. “Em competições como os Jogos Olímpicos não há milagres”, afirmou à Isabel Paulo.
Em consonância com tudo o que para trás se expôs, na Opinião, Nicolau Santos escreve sobre a Caixa, Daniel Oliveira escreve sobre a Caixa e Henrique Monteiro analisa a eficácias das medidas do Governo para melhorar a Justiça Social.


Sem comentários:

Enviar um comentário