Ramalho Eanes, perante as dificuldades financeiras da Presidência
da República, vendeu. Sim, VENDEU A SUA PRÓPRIA CASA DE FÉRIAS, na
Costa da Caparica, para pagar os custos inerentes à Presidência da
República... Ou seja, custos que deveriam ser suportados pelo Estado.
Mais, não tendo, efetivamente, a Presidência fundos suficientes,
Ramalho Eanes mandou virar dois fatos (na altura ainda se usava
recompor e remendar a roupa), sendo que o alfaiate (do Norte) lhe
ofereceu tecido para lhe fazer outros dois, pois Ramalho Eanes não usava
Armani. Quando pretendia falar ou aconselhar-se com alguém, convidavao
não para jantar, mas para tomar chá no fim do jantar para evitar custos
desnecessários ao Estado. Consta até que lhe terão oferecido ações da
SLN-BPN, mas recusou.
Mas mais, muito mais.
Aquando do seu segundo mandato presidencial, Ramalho Eanes foi
confrontado com a aprovação, pela Assembleia da República, de uma lei,
especialmente criada com a intenção de lesar os seus legítimos interesses.
De facto, a chamada lei ad hominem (a lei para aquele homem), foi
criada para evitar que o General Ramalho Eanes viesse a acumular o seu
salário de Presidente da República com "quaisquer pensões de reforma ou
sobrevivência que auferiam do Estado", isto é, com a sua pensão de
General 4 estrelas. Mas, Ramalho Eanes não obstante estar consciente da
intenção dolosa desta lei soarista e das suas implicações na sua futura
reforma, não hesitou em promulgá-la. E, quando concluiu o mandato
presidencial, Eanes optou pela sua reforma enquanto Presidente, por
serem estas as suas últimas funções, prescindindo da sua reforma
enquanto General de 4 estrelas.
Anos depois, após parecer do Provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues,
segundo o qual todos os Presidentes deviam ser tratados de igual forma, a
referida lei foi revista por iniciativa de José Sócrates. E, não obstante,
poder ser ressarcido dos retroativos que lhe eram devidos e que se cifram
a 1.300 milhões de euros, Ramalho Eanes recusou recebê-los!
Ramalho Eanes é, portanto, um exemplo a seguir. E, por isso
mesmo, lhe dou cinco das suas estrelas!
É o único que merece todos os privilégios por ter sido Presidente da
Republica!
Bem haja General...
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